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O QUE É ESSENCIAL NA PANDEMIA
Súbito diríamos ,conforme a raposa disse para o Pequeno Príncipe: “ L’essentiel est invisible pour les yeux”, a saber, o essencial é invisível para os olhos.
Em tempos de pandemia , o inimigo maior e comum a todos, indistintamente, é invisível. As pessoas grandes são realmente muito excêntricas. Perdem-se na propositura de normas reguladoras acerca do que é essencial, a fim de conter a marcha inexorável do vírus. Talvez não atentem ao segundo momento da revelação do grande segredo da raposa dirigida ao infante : “On ne voit bien qu’avec le coeur”, ou seja, só se vê bem com o coração. O foco estaria acima da ciência, do experimento que deu certo, das inúmeras tentativas de ensaio e erro, do politicamente correto.
Permitimo-nos afirmar que falta às pessoas grandes, mormente as responsáveis pela “res publica”, humildade ao lidar com o desconhecido. Hoje, quem se apropria de um pseudodireito de detentor da verdade, ipso facto, amanhã será execrado pelos pares e mesmo pela sociedade como um todo.
Dentre inúmeras medidas tomadas, com o escopo de definir o que é essencial para a população em época de flagelo, selecionamos tão somente uma, sobre a qual temos refletido muito ultimamente. Trata-se da proibição da abertura de igrejas e templos, objeto de decretos governamentais municipal e estadual, e mesmo liminar ameaçada de ser descumprida, colocando refém o poder judiciário.
Em face de julgar atividade essencial durante o período de contágio, o funcionamento de supermercados e farmácias, tecemos algumas considerações sobre o símile ato proibitivo em relação às liberdades religiosas.
Primeiramente, perguntamos: O que justifica a flexibilidade relativa aos Órgãos citados ?
A resposta é clara, uma vez que as pessoas buscam nesses estabelecimentos o alimento para a matéria e o remédio para as suas enfermidades físicas e mentais . Seria uma sandice privar o indivíduo dessas necessidades básicas! Parece-nos que tudo se faz mediante a observância de protocolos sobejamente conhecidos: uso correto da máscara, distanciamento social e higienização pertinente.
Num segundo momento, perguntamos: o que justifica a essencialidade da abertura e realização dos rituais litúrgicos nas igrejas e templos? A resposta é igualmente óbvia. O ser humano, além de sua existência fenomênica , carnal, material constitui-se do anímico . Igualmente, prima em seguir pari passu toda máxima dos protocolos estabelecidos que assegurem o distanciamento e consequente disseminação do virus.
Sugerimos ao leitor mais reflexão em torno do tema exposto.
Vicente de Melo
