XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM LUCAS 18,9-14 - Diego Giraldo Aristizábal, PSS Juan
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XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM
LUCAS 18,9-14
Qual é a nossa atitude e intenção quando rezamos? Qual é a nossa disposição interior quando nos relacionamos com Deus?
- Uma realidade: a Justiça.
Este termo abre e fecha o Evangelho de hoje: “alguns que confiavam na sua própria justiça” (v.9); “este último voltou para casa justificado, o outro não” (v.14). Justo, na Bíblia, é aquele que vive conforme à vontade de Deus. Viver conforme a fé, em sintonia com o projeto amoroso de Deus. A pergunta então é: o que me faz justo? A partir da parábola de hoje, Jesus denuncia a falsa justiça e nos anuncia a verdadeira justiça. Em outros termos, quem verdadeiramente se ajusta ao coração de Deus?
- Uma denúncia: pretensão de ser justo desprezando os outros: “não sou como os outros homens...” (v.11)
Quem conhece a Lei, pode praticá-la (é “justo”); quem não a conhece, não pode praticá-la (é um “pecador” ou “injusto”). O fariseu conhece muito bem a Lei e até vai além do que esta pede: “Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda minha renda” (v.12). Assim, ele faz uma lista de virtudes perante Deus, como se fosse uma cobrança de direitos adquiridos. Pretende justificar-se pela sua própria virtude. Ele mistura piedade e vaidade: “não sou como/Eu faço...” (vv.11-12). Pretendendo louvar a Deus, termina se louvando. Ele faz tudo bem direitinho, mas rejeita os outros, os torna maus, os julga, os minimiza. Faz tudo certo, mas, esquece a misericórdia, o amor e a justiça que vem de Deus (Lc 11,42). Fiquemos atentos! O problema não é praticar a Lei, mas o espírito que acompanha a prática dela. Nem sempre um comportamento externo é reflexo duma boa intenção (podemos agir convencionalmente bem, mas com convicções tortas).
- Um anúncio: a humildade de reconhecer a própria verdade perante Deus a fim de ser transformado
“Tem piedade de mim que sou pecador” (v.13). O cobrador de impostos sabe que tem necessidade do amor de Deus na sua vida. Ele cobrava impostos para o império (era colaboracionista), mas sabe que só a misericórdia de Deus pode transformá-lo e, por isso, a pede. Ele não tem conta de cobrança, mas sim um coração disponível para deixar semear-se nele o amor de Deus. Ele que “ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu” (v.13) estava mais perto de Deus do que o fariseu que fez tudo o legalmente correto e rezava “de pé” (v.11). Assim, “este último voltou justificado, o outro não” (v.14), porque se reconheceu necessitado do amor de Deus abrindo o seu coração ä conversão, e não pelos seus próprios méritos; enquanto que o outro (o fariseu) se pretendia merecedor duma paga, não necessitado da misericórdia e sim dum reconhecimento.
Se de fato experimentamos o pecado, procuremos o amor de Deus que nos converterá; e se vivemos segundo a sua vontade, não seja para nos vangloriarmos. Que as nossas virtudes não sejam para julgar os outros, e sim para dar testemunho do poder do amor de Deus na vida daqueles que, como a terra fértil, estão sempre abertos à semente do amor de Deus e do próximo. Liberta-nos, Senhor, da pretensão e da vaidade, e dá-nos um coração simples e humilde, sempre aberto. Ser cristão significa aceitar ser amado e ser capaz de amar; e não cobrar ser amados como se o merecêssemos.
Diego Giraldo Aristizábal, PSS Juan
