IV DOMINGO DA QUARESMA - LUCAS 15,11-32 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS



  • IV DOMINGO DA QUARESMA

                  LUCAS 15,11-32

     

     À crítica dos fariseus e mestres da Lei, Jesus responde com a parábola do “Pai Misericordioso” (conhecida também como a “do filho pródigo”). Identifiquemos as personagens da parábola assim: O pai é Jesus, (revelador do Pai); o filho mais novo representa os publicanos e pecadores e o filho mais velho os fariseus e mestres da Lei.

     

    1. Renunciar ao amor: “Pai, dá-me a parte da herança que me cabe”. Normalmente se espera a herança de quem é morto. Quando o filho pede a herança, está indiretamente matando o pai, quer dizer, está rompendo a sua relação com o pai. Está renunciando a ser filho. Isto é a experiência do pecado: viver de costas ao amor. Não querer viver a experiência de ser filho. O filho renuncia a ser filho, “pedindo a herança” (matando o pai).

     

    2. Renunciando ao amor somos menos humanos (o pecado como um processo de desumanização): o filho “esbanjou tudo numa vida desenfreada... começou a passar necessidade... queria matar a fome com a comida que os porcos comiam”. Os porcos eram animais considerados impuros. Assim, querer comer o que eles comiam mostra a degradação do filho mais novo. Esta comida é digna de porcos, mas não de um filho. O rapaz estava vivendo como porco, quer dizer, não mais como filho. Viver de costas ao amor leva o ser humano a viver de tal modo que o desumaniza. Mesmo assim, existe no mais profundo deste rapaz a consciência do que ele é “filho”: “Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome”. Podemos pretender negar a nossa filiação, mas nada poderá tirar do mais profundo do coração do homem o seu anseio de Deus. Alguém disse que quando um ateu nega a Deus, está no fundo expressando a sua nostalgia de Deus.

     

    3. O abraço do amor que restitui a nossa dignidade (o Amor que humaniza): “Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos.... Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés”. Mesmo que o filho tenha renunciado à filiação, o pai jamais renunciou à sua paternidade. Assim, poderíamos pretender renunciar à nossa filiação, mas Deus jamais renunciaria ser o nosso Pai. Este texto descreve belamente a experiência do perdão, aliás, do coração e a misericórdia de Deus. Ele com o seu abraço nos renova e transforma: da degradação à integração (vestido novo), da escravidão à liberdade (sandálias) e à dignidade (anel); da angústia e desesperação à alegria e a festa (banquete).

     

    Por que renunciar a sermos perdoados? Deus sempre está avistando-nos para tirar-nos de qualquer situação que nos escraviza e degrada, para que entremos na alegria do seu amor que nos dá vida. Vejamos como o filho mais velho, mesmo estando na casa do Pai, não se sentia filho. Assim, estando dentro, estava fora. Às vezes estamos dentro da experiência do amor de Deus, mas nos escandaliza o modo de agir de Deus, o seu amor e a sua misericórdia. Estar dentro, sentir-se filho, significa aceitar o amor que Deus sempre nos está oferecendo. Mesmo que não cometamos grandes “pecados”, às vezes não nos sentimos filhos, e isto é já viver à margem do amor. A conversão é entrar nas entranhas de Deus, e com ele aprender a sermos irmãos.

     

      Para uma melhor meditação do Evangelho de hoje convido à leitura “dos cinco defeitos de Jesus” (Cardeal François-Xavier Nguyên Van Thuân) e do livro “A volta do filho pródigo” (Henri J. M. Nouwen).

     

     

    Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS