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DA LIVRE RETIRADA E DA FUGA
(afastar-se e excluir-se)
É característico de alguns,
Tidos como viventes racionais,
Estarem juntos, aglomerados,
Porque não dizer, arrebanhados.
Deles diferem, não sem razão,
Os humanos conscientes...
De sua sociabilidade.
São decidos, esclarecidos,
Até, bem determinados.
Não vivem juntos, ao acaso.
Resolutos, eles convivem.
Nem se juntam, amontoados;
Unem-se, simplesmente.
Até no agir, são diferentes.
Creem que "a união faz a força.
Coletivos, livres, procuram-se.
Ajudam-se uns aos outros.
Sabem partilhar suas vidas,
Dividem o que possuem,
Vivem, portanto, em comum.
Suas causas e suas ações...
Jamais são individuais.
Com respeito são sociais.
Constroem felizes relações.
É preciso, claro, perceber,
Que alguns seres humanos,
Por livre opção de vida,
Senão, espontaneamente,
Ou ainda, por encanto seu
Decidem abdicar, livres,
Do seu convívio social,
Para dedicar-se, exclusivos,
Com todo empenho e amor,
A alguma causa relevante.
Privam-se, deliberadamente...
Do convívio em sociedade...
Do meio em que surgiram...
Do lugar em que se deram.
Enclaustrados, fecham-se...
Heremitas por sua opção.
Mostram, em si, furtivos.
Isolam-se por completo...
Para não perder o foco,
Furtando-se à determinação.
Mantendo firme e sólida,
Tão sublime e real vocação.
Em contra partida, real,
Diferente desta situação,
É de se notar, claramente,
A atitude de alguns humanos,
Adotando posturas bizarras,
Para não dizer, ininteligíveis.
Fecham-se ensimesmados...
Obtusos, oclusos, até,
Não querendo aparecer...
Ou, talvez, dar-se a conhecer.
Escondem-se, com medo,
Camuflados, atrás de si.
Fogem do brilho do real,
Ofuscados por ele próprio.
Ficam feito moluscos...
Como querendo proteção.
Sentem do mundo real,
Ameaça, um tanto fatídica...
Um grande inimigo seu...
Verdadeiro perigo vital.
Nele vêem, ameaçador,
Sua destruição mortal.
Dele, temem atitude qualquer...
Ato e, até, gesto ameaçador...
Que ponham em risco...
A sua Integridade física...
Ou, até mesmo, moral.
A sua própria existência...
Vê-se comprometida.
Querem, tão somente,
Garantir, com tal certeza...
Seu continuar firmemente...
Pela existência afora,
Sem macabras ameaças...
Espantosas ou funestas,
Que vislumbram serem,
Incontestáveis e reais,
Em qualquer dos cantos...
E recantos do universo.
Sem dúvidas, são vistos...
Como verdadeiros psicóticos,
Que em sua neura afetada,
Tentam explicar a psicose...
Do seu ser, ou não ser...
De sua complexa Existência;
Coisas que, em absoluto,
Jamais se explicarão por si só.
Marcos Carvalho