II DOMINGO DE QUARESMA - Lucas 9,28b-36 - Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS
-
II DOMINGO DE QUARESMA
- Lucas 9,28b-36 -
Tanto Jesus como aqueles que lhe seguem devem assumir a cruz (Lc 9,22-23). Isto, logicamente, desconforta aos seus discípulos. Como é possível que o mestre tenha que ser entregue, sofrer e morrer? O Evangelho de hoje é a resposta. Com a transfiguração, Jesus manifesta a sua glória “para tirar do coração dos discípulos o escândalo da cruz” (Prefácio), mostrando-lhes que, se Ele vai morrer, a morte não será o definitivo: “A sua paixão lhe conduzirá à glória da ressurreição” (Prefácio). Não existe cruz sem glória, nem morte sem ressurreição. Mas também, não existe glória sem cruz, nem ressurreição sem morte.
1. “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas.” (Flp 3,21): O sol e a luz são sinais da presença divina: “sua roupa ficou muito branca e brilhante” (v.29). Jesus é Deus no meio de nós. Somos convidados a enxergá-lo e reconhecer n’Ele a nossa vida. Ele é o cumprimento das promessas de Deus (Moisés representa a Lei e Elias os Profetas; cf. v.30).
2. “Mestre, é bom estarmos aqui” (v.33). Compreende-se bem a reação de Pedro que se deixa levar pela emoção do momento. Mas o compromisso é maior: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” (v.35). A fé em Jesus Cristo vai além do sentimento e a emoção; esta é, sobretudo, “escuta”. Deixar que a sua vida passe não só pelos nossos olhos e ouvidos senão, sobretudo, pelo nosso coração para nos transformar.
3. “E conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém” (v.31). É preciso passar pela cruz para compreender a sua glória. Ficar na montanha, seria renunciar a entregar a vida. Se a vida não se entrega, ela permanece infecunda. A verdadeira transfiguração, que será a ressurreição, passa pela entrega total.
Assim, o caminho da Quaresma que iniciamos é um tempo para “transfigurar-nos”, ou seja, para sermos com Cristo reflexo do amor de Deus no meio do mundo. Mas para poder “ser resplendor” é preciso “sair”, “ter fé” e “ir” como o fez Abrão (Cf. Gn 15,5-6). Ou seja, renunciar a tudo aquilo que nos impede abrir o coração ao amor de Jesus Cristo e do próximo, esvaziarmo-nos para dar lugar à ação de Deus, e, pela sua graça, sermos livres para ir ao encontro do outro, sobretudo daqueles cuja vida só conhece a escuridão, porque desconhecem o Amor.
Peçamos ao Senhor, que a Quaresma seja um caminho de “Transfiguração” a fim que a luz do seu amor e a sua misericórdia brilhe através de nós.
Juan Diego Giraldo Aristizábal, PSS