“PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.” (Lc 1,37) - PALAVRA DIÁRIA NA FAZENDA DA ESPERANÇA PARA O DIA DE HOJE



  • PALAVRA DE VIDA NO  MOVIMENTO DOS FOCOLARES PARA O MÊS DE DEZEMBRO DE 2024 -  “PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.” (Lc 1,37) - PALAVRA DIÁRIA NA FAZENDA DA ESPERANÇA PARA O DIA DE HOJE

    Estamos diante do relato da Anunciação. O anjo Gabriel vai até Maria de Nazaré para comunicar os  planos que Deus lhe reservou: ela conceberá e dará à luz um filho, Jesus, que “será  grande e será chamado Filho do Altíssimo.”1 O episódio se alinha com  outros eventos do Antigo Testamento que levaram a nascimentos prodigiosos de filhos  de mulheres estéreis ou muito idosas, chamados a desempenhar um papel importante  na história da salvação. Nesse contexto, Maria, apesar de se dispor a aderir com  total liberdade à missão de se tornar a mãe do Messias, pergunta-se como isso pode  acontecer, já que ela é virgem. Gabriel lhe garante que não será obra de um homem:  “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra.”2  E acrescenta: “Para Deus nada é impossível.”  3

     “PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.” (Lc 1,37)

     Essa afirmação  assegura que nenhuma declaração ou promessa de Deus deixará de ser cumprida, porque  não há nada impossível para Ele. Mas a frase também pode ser formulada assim: “Com  Deus nada é impossível”. De fato, em grego a frase pode significar “diante de, ou  próximo a, ou junto com Deus”, evidenciando o quanto Deus está próximo do homem.  É para o ser humano ou para os seres humanos que “nada é impossível”, quando estão  junto a Deus e aderem livremente a Ele.

     “PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.”

    Como podemos  colocar em prática esta Palavra de Vida? Em primeiro lugar acreditando, com grande  confiança, que Deus pode agir até mesmo dentro dos nossos limites e fraquezas e  ainda mais além, inclusive nas situações mais sombrias da vida.

    Foi essa a  experiência de Dietrich Bonhoeffer, teólogo e pastor luterano, protagonista da resistência ao nazismo. Durante a prisão que o levou ao suplício, escreveu: “Devemos mergulhar  continuamente na vida, no falar, no agir, no sofrimento e na morte de Jesus para  reconhecer aquilo que Deus promete e cumpre. É certo [...] que para nós não existe  mais nada de impossível, porque nada de impossível existe para Deus; […] é certo  que não devemos pretender nada e que, no entanto, podemos pedir tudo; é certo que  no sofrimento se esconde a nossa alegria, e na morte, a nossa vida... A tudo isso,  Deus disse “sim” e “amém” em Cristo. Este “sim” e este “amém” são a terra firme  sobre a qual nos encontramos.”  4

     “PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.”

     Ao procurarmos  superar o aparente “impossível” das nossas insuficiências a fim de alcançar o “possível”  de uma vida coerente, um fator decisivo é a dimensão comunitária. Esta se desenvolve  lá onde os discípulos, vivendo entre si o mandamento novo de Jesus, se deixam compenetrar,  individualmente e em conjunto, pela força do Cristo ressuscitado. Chiara Lubich  escreveu em 1948 a um grupo de jovens religiosos: “E adiante! Não com a nossa força  mesquinha e frágil, mas com a onipotência da unidade. Constatei, toquei com as mãos  que Deus entre nós realiza o impossível: o milagre! Se permanecermos fiéis à nossa  missão [...], o mundo verá a unidade e, com ela, a plenitude do Reino de Deus.”  5

    Anos atrás,  quando eu estava na África, muitas vezes me encontrava com jovens que queriam viver  como cristãos e que me contavam as muitas dificuldades que enfrentavam diariamente  no próprio ambiente, para permanecerem fiéis aos compromissos de fé e aos ensinamentos  do Evangelho. Conversávamos sobre isso durante horas e, no final, chegávamos sempre  à mesma conclusão: “Sozinhos, é impossível, mas juntos podemos conseguir.” Até o  próprio Jesus garante isso quando promete: “Onde dois ou três estiverem reunidos  em meu nome (no meu amor), ali estou eu no meio deles.”  6 E com Ele tudo  é possível.

     Org.:  Augusto Parody Reyes, coma comissão da Palavra de Vida

     1) Lc 1, 32.

    2) Ibid, 35.

    3) Ibid, 37.

    4) BONHOEFFER, D. Resistência e submissão. Trecho extraído da edição italiana Resistenza e resa.  Cinisello Balsamo: Ed. San Paolo, 1988, p. 474.

    5) LUBICH, Chiara.  Cartas dos primeiros tempos, 1946-1949, São Paulo: Editora Cidade Nova, 2020, p.90.

    6) Cf. Mt 18,20.