MINHA ESTRADA NESTA VIDA E SEUS “TROPICÕES...-Antônio Miranda de Mendonça




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  • MINHA ESTRADA NESTA VIDA E SEUS “TROPICÕES"...

     

               Nasci na primeira metade de século passado, 1940, na zona rural de Pará de Minas. Era muito  pobre: luz era lamparina; água só  da bica; banheiro era o córrego ou a bacia. Pobre mesmo! Meu pai era trabalhador rural “avulso”, carreiro. Deram-me o nome de Antônio na pia batismal.

              Em  1948,  minha mãe e os filhos mudaram para cidade.  Comecei  a estudar.  Meu pai, lá na roça, ficou tirando o sustento para a família. Em 1952, terminei o curso primário.

             Para ajudar nas “despesas”, fui engraxate, entregador de jornal (diário Católico) etc , frequentava a igreja e me tornei “coroinha”, onde aprendi o que é custódia, turíbulo, galheta, batina, ceroferário , etc. O vigário era D. Geraldo Maria de Morais Penido, que me levou para o seminário, com mais três pretensos padres, hoje todos “gorados’.

            Fiquei no seminário até 1960 ; neste ano, já no seminário de Divinópolis , onde o Bispo era D. Cristiano Portela de Araújo Penna. Este tinha o costume se despedir dos alunos que deixavam a carreira e umas palavras para dizer ao “fujão” da vez. Lá no palácio, onde fui chamado, na despedida, ele me deu sua bênção e disse : “é melhor ser um bom cristão que ser um mau padre; vá com Deus e guarde o que você cultivou aqui”. Chorei. Fui embora.

            Fui conhecer o mundo : arranjar emprego, continuar estudando, pontear os rumos para a vida onde nunca existiu almoço de graça; passei no vestibular de direito em 1964,  conheci a “dita-dura” no primeiro dia de aula. Trabalhava de dia e estudava à noite. Formatura em 1968.

            Advoguei até 1975, quando tomei posse como juiz do trabalho substituto e, no judiciário, fiz carreira, chegando à presidência do TRT-3 em 2001. Aposentei-me  em 2005 e  voltei à advocacia onde me encontro, com 84 anos bem vividos, com a graça e boa vontade de Deus.

           Tenho o que a vida me deu, porque passei pelo seminário, onde estudei de graça, patrocinado pela comunidade católica; não fora isto,  a vida teria sido outra, bem mais difícil, porque lá no interior só os ricos progrediram.

           E aqui estamos, vivendo a exsecordis, cuja primeira reunião foi em minha casa(foto distribuída), com a presença do Goncalo Tavares (“cabo”) que nos ensinou, nos tempos de conventão, a diferença entre pelada e futebol. E foi o idealizador deste congraçamento.

           Este velho colega nunca teve vocação para herói mas é um saudosista emérito. E como tem saudade daquele tempo dos colegas e dos mestres, padres Viegas, Arnaldo, Pinho, Ito, zicó, Aguiar, Augusto, Aloísio, etc!

    Certa vez, li em um para-choque de caminhão : “quem inventou a distância, também inventou a saudade”. E nós podemos acrescentar: E COMO ELA DÓI”


    Antônio Miranda de Mendonça
    BH, 18-8-2025